quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Albertina Paz

A cultura afro-brasileira deixa - se literalmente tocar por todos que escolhem Salvador, para viver o visitar. Como Salvador tem 80% da população negra, é uma das cidades do mundo que mais preservam as cores e sons do continente de seus ancestrais escravos. Ao mesmo tempo, não deixa de renovar suas crenças diariamente. O sincretismo da religião, em terreiros ou igrejas; o berimbau e golpes ritmados que dão o tom da capoeira; e a simpatia das baianas, servindo os quitutes à base de azeite de dendê, pimenta e leite de coco.
O baiano é um herdeiro da alegria e do ritmo. Dançamos primeiro porque sabemos, e depois para mostrar aos outros, nos baianos temos uma necessidade de mostrar que somos capazes, de dominar perfeitamente, os tambores africanos que dão o tom em blocos afro, que são os mesmos que ressoam nas igrejas com a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e nos mais de 200 terreiros de candomblé da cidade.
Quando falamos de dança, penso logo nos africanos, a dança está na essência do povo africano. Os africanos têm um talento nato para o ritmo, para o movimento, que ao mesmo tempo em que envolver velocidade, envolve uma delicadeza surpreendente. Na África tem alguns ritmos que com o passar do tempo estamos aprendendo e dançando como a Kizomba, a Semba e o tão famoso Kuduro, que são danças que contagia com seu ritmo e alegria.
A Kizomba que surgiu em Angola nos anos 80 e é uma versão eletrônica com origens no semba. Cada vez mais popular nas pistas de dança é atualmente uma das mais importantes expressões da música de dança africana, sendo simultaneamente o gênero de dança e um estilo de música. Uma dança a dois, quente, suave, contagiante e sensual, que propicia uma verdadeira cumplicidade entre os corpos. O Semba é uma dança de salão, também dançada a pares, tem uma característica forte por ser uma dança de passadas, onde os homens têm um grande grau de improviso.
Já o Kuduro, proveniente também de Angola, é uma dança criativa que pode ser dançada de forma individual ou em grupo, ao som de música batida, de estilo tipicamente africano, criada e misturada geralmente por jovens. Em grupo é dançado sob a forma de esquema, onde em coreografia coordenada, o mesmo passo é repetido diversas vezes pelos participantes na dança. Neste ano no carnaval a banda de Pagode Fantasmão se destacou com a musica denominada de “Kuduro”, em um ritmo bem eletrizante, que animou os foliões com uma batida tipicamente angolana, conseguiu cair no gosto popular.
Eu me arrisco a dizer que Salvador é uma cidade eclética, o que mais tem em Salvador são eventos que entram pela madrugada, que vão de solenidades das missas especiais à descontração nas baladas com DJs em bares, boates ou barracas de praia; da intimidade nos restaurantes finos à muvuca dos ensaios ao ar livre. Os terreiros de candomblé também têm forte apelo, porem nem todos se abrem para curiosos.
Enfim mesmo com todas essas mistura de ritmo, Salvador não teria metade da fama que têm se não fossem as baianas de acarajé. E a disputa na cidade é muito grande, principalmente por parte das mais famosas, como Cira, Regina, Loura e Chica, quitute esse que veio da África com o nome de Àkàrà, que significa bola de fogo, enquanto jê possui o significado de comer.
Salvador tem as cores da África que ouvimos falar, da que somos comparados, porque a pimenta que esquenta o a culinária é a mesma que faz a vida ter sabor. O soteropolitano é um artista que admira a beleza de sua rotina comum, seja nas ladeiras do Pelourinho, nos bancos da praça da s, entre outros lugares, só esperando descobrir a “o que é que a Bahia tem”.

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